Síndrome de Down e Autismo: Compartilhando experiências

O autismo, ou transtorno do espectro autista (TEA), é um distúrbio de desenvolvimento que leva a severos comprometimentos de comunicação social e comportamentos restritivos e repetitivos que tipicamente se iniciam nos primeiros anos de vida. E embora não exista uma relação direta com a Síndrome de Down, a sua incidência tem sido cada vez maior nesse grupo de pessoas. Por isso, decidimos compartilhar com vocês as nossas experiências com o Caiquinho, o nosso menino Down!

Confiram!

Desde pequeno, o Caiquinho apresentava características diferentes das demais crianças com Síndrome de Down. Com o tempo, essas características foram se acentuando e hoje algumas pessoas até nos perguntam o que ele tem, já que os traços da trissomia 21 tornaram-se quase insignificantes em relação às do espectro autista.

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Podemos dizer que um dos sinais marcantes do autismo é a manipulação esteriotipada dos objetos e fixação exclusiva em alguns deles em particular. No caso do Caique percebíamos isso pelo fato dele brincar sempre da mesma forma com os seus carrinhos: em fileiras perfeitas com a mesma quantidade de carros e sempre na mesma posição. Hoje, com 21 anos, ele trocou a brincadeira de carrinhos pelo desenho de aranhas: sempre a mesma quantidade, na mesma posição da folha e em pares.E o interessante é que ele pode passar horas ou até um dia inteiro realizando uma mesma atividade, como desenhar aranhas, e com ausência completa  de necessidades ( não sente sede, fome, dor…).

Além disso, o Caiquinho apresentou desde pequeno uma fixação especial por alguns brinquedos e, principalmente, pelo Bob Esponja. Esse boneco o acompanhava por todos os lugares ( desde escola até a praia!) e quando o brinquedo já estava em estado crítico, tínhamos que comprar outro igualzinho e trocar sem que ele percebesse…Caso contrário, ele ficava muito transtornado!

As pessoas do espectro autista podem,também, agredir a si mesmo ou a outros. O Caiquinho nunca foi agressivo com os outros, muito pelo contrário: sempre foi uma pessoa amável e carinhosa. Contudo, sempre foi muito agressivo consigo mesmo, dando tapas fortes na cabeça, sobretudo, quando está ansioso ou nervoso. Isso já gerou até alguns problemas para a nossa família, já que algumas escolas pensavam que nós o agredíamos em casa e, por isso, ele repetia tal comportamento.

Os autistas apresentam  uma elevada sensibilidade para barulhos, ruídos específicos, luzes, agrupamento de pessoas e para determinadas cores e formas de ambientes. O Caiquinho  possui  pavor de fogos de artifícios e locais com muitas pessoas. Isso era nítido quando na hora do parabéns das suas festinhas de aniversário , ele ficava muito nervoso e se afastava de todos. Outro fato mais recente foi a  feira de ciências da escola: ele ficou extremamente angustiado ao ver a enorme quantidade de pessoas e o barulho. Outra vez, ele foi a um aniversário do primo e chegou a vomitar de tão nervoso que ficou devido ao barulho e quantidade de pessoas que não participam do seu ciclo de convivência.


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As esteriotipias e rituais obsessivos, comuns nas pessoas do espectro autista, também fazem parte da vida do nosso Caiquinho. Quando pequeno, tratavam-se de alguns petelecos antes de cada garfada ou  da necessidade de ligar o som toda vez que entrava no carro. Com o passar do tempo, tais rituais tornaram-se mais recorrentes e agora ele possui quase que um ritual para cada atividade que faz: um para escovar os dentes,outro para usar o banheiro, para comer, para entrar no carro, para escrever…O que tem gerado impactos negativos em seu desenvolvimento. Isso porque, cada vez que ele não consegue cumprir o ritual, fica extremamente nervoso e, consequentemente, o seu nível de ansiedade vai lá nas alturas. E a convivência fica igualmente comprometida, pois as pessoas ao seu redor, inclusive familiares, acabam se irritando e perdendo a paciência. Por isso, a psiquiatra dele dobrou a dose do ansiolítico para tentar atenuar as estereotipias.

Além disso, o Caiquinho quando pequeno apresentava um acentuado grau de hiperatividade. Não parava quieto um segundo: jogava objetos pela janela de casa ou do carro e constantemente fugia de casa ou mesmo da escola. Assim, muitas escolas logo nas primeiras semanas nos convidavam a tirá-lo de lá e com o tempo ele chegou a passar por cerca de dez escolas diferentes durante sua vida escolar.

Com relação ao contato com os olhos, quando pequeno ele apresentou certa dificuldade. Todavia, minha mãe sempre o forçava a olhar nos olhos e a estabelecer um contato com as pessoas e funcionou! Hoje em dia, ele é muito sociável e afetuoso, embora esse contato seja limitado ao tempo e paciência dele rsrs.

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Por fim, ele apresenta dificuldades na fala. Ou seja, muitas vezes gagueja ao falar e quando tentamos conversar com ele, limita-se a repetir o que perguntamos  utilizando sempre a terceira pessoa, como por exemplo: Caiquinho, você gostou do passeio? Ele responde: Gostou do passeio! Você tá feliz? Ele responde: o Caique tá feliz! Contudo, ultimamente ele tem conseguido iniciar conversas por conta própria, o que já é um grande progresso!

Ainda não temos um diagnóstico formal que indique que ele é de fato autista. Alguns profissionais da área, já no primeiro contato, afirmam que sem dúvidas ele é autista; outros dizem que ele apenas tem características do espectro. É claro que ter um diagnóstico é sempre o ideal para nos direcionar nos tratamentos adequados,  contudo, como não o temos, buscamos pesquisar ao máximo sobre o assunto para ajudar o nosso Caiquinho a alcançar o seu pleno desenvolvimento!

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*Por Talita Cazassus Dall’Agnol

18 comentários sobre “Síndrome de Down e Autismo: Compartilhando experiências

  1. Luciene Cazassus disse:

    Mais uma vez, Lita sob com maestria conduzir um assunto que não é muito fácil para nós! Lidar e encarar as dificuldades, não tem outra alternativa quando o que queremos é o melhor para os nossos filhos! Por isso, todos os dias buscamos sempre estar superando as dificuldades que aparecem, e curtir tambêm as alegriaa que vivemos a cada pequena conquista!!! Vivendo cada dia como um presente de Deus!!!!!

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  2. Adriana Vello disse:

    Conheci um rapaz que tem síndrome de Down e autismo. Adora aturar no teatro. Minha filha é autista. Tem 14 anos e não forma frases. Algumas pessoas às vezes me perguntam sobre a expectativa de vida dela. Também querem saber se ela também adoece, como as pessoas “normais”. Então explico que o fato de ela ser autista não afasta doenças, o organismo dela vai reagir como qualquer outro ser humano. Também há casos de autistas cegos, paraliticos, enfim, uma coisa não afasta outra.

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    • talitacazassusdall'agnol disse:

      É verdade, Adriana! Contudo, o diagnóstico do autismo quando acompanhado de alguma deficiência fica mais difícil, como ocorreu com a gente. Alguns especialistas diziam que as caracteristicas eram da própria síndrome de down, mas percebiamos que o Caique sempre foi diferente dos demais e isso nos angustiava muito! Até que uma fono nos alertou sobre a possibilidade dele ser autista! Apesar das dificuldades, acredito no enorme potencial dos autistas para se desenvolverem!!! Um grande beijo para vc e sua filha

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  3. luciana disse:

    oi tenho um bebe com 9meses e are então parecia tudo normal costumo sair bastante com ele e as pessoas na rua comecaram a me perhuntar se ele e down.Nao foi diagnosticado nada na gravidez e nem quando ele nasceu a pediatra tambem nunca me falou nada e agora que falei sobre essa dúvida ela me disse que ele tem características ele tem mas que clinicamente ele nao é, ele se desenvolve muito bem .tem a possibilidade de ele ser Dow e nao ter sido diagnosticado so nascer e o que devo fazer?

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  4. luciana disse:

    oi tenho um bebe com 9meses e até então parecia tudo normal costumo sair bastante com ele e as pessoas na rua comecaram a me perguntar se ele e down.Nao foi diagnosticado nada na gravidez e nem quando ele nasceu a pediatra tambem nunca me falou nada e agora que falei sobre essa dúvida ela me disse que ele tem características mas que clinicamente ele nao é, ele se desenvolve muito bem .tem a possibilidade de ele ser Dow e nao ter sido diagnosticado ao nascer e o que devo fazer?

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    • talitacazassusdall'agnol disse:

      Oi Luciana, existe sim essa possibilidade. Por isso, seria interessante que você fizesse o exame chamado “Cariótipo” . Trata-se de um exame simples de sangue que vai analisar os cromossomos do seu filhinho para verificar se ocorre a trissomia no cromossomo 21, o que causa a síndrome de Down. Um abraço

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  5. Raquel Rodrigues disse:

    Olá meu nome é Raquel ,tenho um filho de 22 anos ,tem síndrome de down ,e aspecto autista ,manias repetitivas e dificuldade e dificuldade na fala ,mas conseguimos nos comunicar bem com ele.
    Nós últimos meses tem se destacado essas características autista ou aspecto não sei.tem se agredido ,me sinto sem reação é perdida.
    Como posso ajudar lo nessa situação …..

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    • talitacazassusdall'agnol disse:

      Olá Raquel!
      Também passamos pela mesma situação que você. O meu irmão, Caique, que tbm tem síndrome de Down com características do aspecto autista e tem a mesma idade que seu filho. Com o passar do tempo, as características foram se acentuando: mais manias repetitivas, o que começou a deixá-lo nervoso e agressivo consigo mesmo. Então, procuramos a psiquiatra dele e ela indicou um medicamento; mas sempre fomos resistentes a remédios. Então, ela passou a dose mais baixa e decidimos testar o tratamento. E realmente ele tem melhorado bastante: as manias diminuíram, ele tem estado mais calmo e está com mais facilidade para se comunicar e aprender.
      Então, o ideal é que você leve seu filho a um psiquiatra para que possa avaliar a situação dele; e não descarte o uso de medicamentos, caso seja necessário.
      Qualquer dúvida, o nosso email é : diariodainclusaosocial@gmail.com
      Um abraço em vcs dois

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  6. prjosemartins disse:

    Ola, bom dia! Vejo-a em bom estilo, com mente ágil, fértil, sensível, perita em assuntos em que se propõe com delicadeza e carinho que se lhe é peculiar, que não se compara com a água e o vinho, de modo a expressar carisma e empatia. O mundo pouco conhece o valor dessas almas que Deus a tem e a preserva no seu altar. Sucesso!

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  7. Renata Nascimento disse:

    oi meu nome e Renata ttenho um filho c simďrome de Dwon ele tem 3anos e fez meses 😍.cabomos de descobrir q ele e autista foi um choque😦por estou aproccura de experiências e encontrei vcs .meu filho indentifiquei muito c o Caiquinho 😍obrigado por compartilhar ta me ajudañdo muito❤❤👀❤❤

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  8. Mayra Barros disse:

    oi, boa tarde! Tenho uma filha com 2 anos e 9 meses e que descobrimos a pouco que tinha TEA, na verdade o fato foi constatado ao entrar na escola já que ela nunca gostou de se socializar com outras crianças, a fala dela tbm não se desenvolveu, tem linguagem mais não comunicação, apresenta ecolalia, é dispersa, interage pouco e não sustenta o olhar.. Entrei nesse site pq um coleguinha dela da escola tem down e já manda beijinho e dar tchau, coisa que ela não faz.. O menino tem 1 ano há mais que ela, mas estudam na mesma sala, ela iniciou o tratamento agora e ele já vem com esse acompanhamento desde bebê… Infelizmente se tivesse descoberto antes teria tomado providências.. Minha dúvida é com que idade seu filhinho falou? Ele faz tratamento? Sei que é mais difícil quando tem duas deficiências juntas, como foi o desenvolvimento dele? Ele fez amiguinhos?

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    • talitacazassusdall'agnol disse:

      Oi Mayra! Como está? Bom, cada caso é um caso, por isso nunca é bom fazer comparações… As pessoas com síndrome de Down não apresentam dificuldades de socialização, por isso o coleguinha dela se comunica com mais desenvoltura. Já o autismo tem essa característica marcante que é a dificuldade de interagir, de se comunicar, de olhar nos olhos. Provavelmente os médicos já te falaram que existem graus de autismo: tem autistas que são não-verbais, outros conseguem se comunicar com certa dificuldade… Pelo que vc relatou, a sua filhinha parece ter um grau leve, por ter linguagem. No caso do Caique, ele tbm apresentava essas msms características da sua filha. Então, colocamos ele na fono desde pequeno e sempre forçavamos ele a interagir. Ele não sustentava o olhar, mas começamos a força-lo a olhar nos nossos olhos e funcionou!!! Forçavamos tb ele a brincar com outras crianças, a fazer amigos… Hoje, com 22 anos ele se comunica ( embora com certa dificuldade na fala por conta da síndrome de Down), é carinhoso com os outros e tem vários amigos. Mas sempre temos que dar uma forçadinha, pois nas festinhas ou eventos ele não tem paciência para ficar muito tempo. Então, fique tranquila pois sua filha tem capacidade para se desenvolver plenamente. COntudo, é preciso muitos estimulos e a ajudar dos pais é fundamental! Um beijo

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  9. alexia disse:

    Meu cunhado tem síndrome de down e com 18 anos foi diagnosticado com autismo.
    Hoje ele tem 25.
    Pelo que percebo, acredito que ele tenha as caracteristicas do down ( não é agressivo, as vezes ate carinhoso), mas é disperso, repete as palavras e tem muitas manias.
    Minha sogra, peca no excesso de cuidado com ele(não posso julgar ) e vejo que ele poderia se desenvolver muito mais se fosse estimulado.
    Agora com 25 anos, não consegue mais dormir sozinho. Acorda a noite e corre pra cama dela.
    ta sendo uma luta diaria .

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  10. maria paula regitano disse:

    boa noite ,tenho um sobrinho com SD, porem hoje com 5 anos ele ainda não fala, gosta de ficar assistindo videos repetidamente , não interage com outros prefere ficar sozinho , não pede agua, não pede comida, não sente muita dor (tipo quando toma vacina) ,quando contrariado bate na cabeça , me chamou atenção q talvez ele tenha TEA , a mãe não fez exame especifico para ter diagnostico, embora as terapias sejam bem parecidas, será q mudam os tratamentos ?ele faz fono,T.O. , psicopedagoga, ja fez eco terapia e hidroginástica.

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